“Olha, não há ninguém igual. Cada um tem os seus olhos e, quando se vê uma coisa, cada qual a vê conforme o tamanho e a cor dos seus olhos… Tu sabes lá!… Nem eu … E a vida também nunca é igual, porque as horas vêm umas atrás das outras. E a terra dá uma volta completa todos os dias.”

(Branquinho da Fonseca em “Os olhos de cada um”).

“Quando um muro separa uma ponte une…” esse verso é da canção Pesadelo, de  Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, que foi lançada pelo grupo MPB4 em um álbum chamado Cicatrizes, em 1972.  

O verso remete ao que queremos conversar hoje, sobre construir pontes, ou seja, criar relacionamentos com pessoas de todos os tipos, origens, crenças.  Abraçar a diversidade característica da humanidade e sermos mais inclusivos.  Só temos a ganhar com isso.  

A nossa maior força vem das nossas diferenças.  Quando combinamos nossas diferenças em prol de uma causa, para resolver um problema, somos capazes de criar coisas maravilhosas.  A diversidade de pensamento e de opinião, congregada em torno de uma causa comum é capaz de construir um mundo melhor para todos. Isso porque conseguimos enxergar as coisas de perspectivas diferentes, gerar ideias mais diversas, e construir a partir daí.  

Se só temos uma perspectiva, nossa visão estará meio cega, pois haverá pontos que não somos capazes de enxergar em função de nossos vieses cognitivos, ou seja, das limitações de pensamento que temos.  Quanto mais pessoas diferentes em torno de uma causa, mais visões diferentes.  Conseguimos minimizar o efeito dos vieses cognitivos porque há diferentes pontos de vista presentes, o que amplia o campo de visão.  

Imagine que há vários buracos em uma parede que dá para uma paisagem e é preciso descrever a paisagem para alguém.  Em cada buraco há uma pessoa olhando para fora.  Se apenas uma pessoa for descrever a paisagem, teremos um quadro bastante limitado. A soma de todas as visões é capaz nos dá uma ideia bem melhor da realidade do que está do lado de fora da parede.

Abraçar ideias diferentes, de pessoas com histórias diferentes, genéticas diferentes talentos diferentes, faz com que nossa avaliação e a consequente geração de opções para solucionar um problema seja muito melhor do que se tivermos pessoas com as mesmas ideias e formações.  

Esse é o conceito por trás de construir pontes, ouvir as diferentes opiniões de diferentes pessoas, sem julgar.  Ouvir para aprender e conseguir enxergar de modos diversos, chegando a uma ideia muito melhor, porque congrega visões diferentes.

Juntar pessoas diferentes, mas com valores semelhantes e uma causa em comum, um grande objetivo, é capaz de nos levar a soluções muito criativas e poderosas.

Construir pontes exige inteligência emocional e bastante habilidade de comunicação.  Aliás, são essas as competências socioemocionais mais importantes que temos de desenvolver para lidar bem com situações complexas.  Além de pensamento crítico, é claro, mas isso trataremos no futuro.

E aí?  Você está pronto para acolher, ouvir e respeitar pessoas que são diferentes e pensam diferente de você?