09/03/2021 às 11:00
“Fulano precisa ser cancelado!”. Esta é uma frase que vemos com cada vez mais frequência na internet, mais precisamente nas redes sociais. A Cultura do Cancelamento virou assunto do dia a dia nas plataformas e movimenta pessoas e empresas em todo o mundo.
A luta contra o racismo, homofobia e bullying online ganha cada vez mais força. Os direitos das mulheres ganham mais destaque a cada dia. A internet tem sido um grande impulsionador para que possamos continuar a evoluir e garantir que estas causas ganhem voz e apoio. Só que agora, as pessoas estão em busca da perfeição.
Um comentário mal colocado ou uma postura que descontente a maioria já é motivo para cancelamento. Claro que, infelizmente, existem aqueles que propositalmente fazem comentários e assumem posicionamentos de ódio para ganhar, de alguma forma, destaque. Mas não é todo mundo.
A internet se tornou uma grande justiceira. E o meio de fazer justiça é a chamada Cultura do Cancelamento.
Um comitê reunido pelo dicionário australiano Macquarie, que anualmente elege as novas palavras ou expressões que apareceram com maior frequência ou destaque no ano. Em 2019, o termo Cultura do Cancelamento foi o escolhido pelo comitê. O Macquarie define Cultura do Cancelamento como “as atitudes em uma comunidade que demandam ou provocam a retirada de suporte de uma figura pública… usualmente em resposta a uma acusação de ação ou comentário socialmente inaceitável.” Ainda segundo o comitê, essa é “uma atitude tão persuasiva que ganhou seu próprio nome e se tornou, para o bem ou para o mal, uma força poderosa”.
O cancelamento ocorre quando algum perfil nas redes sociais (incluo aqui pessoas e empresas) recebe uma represália por um posicionamento negativo, segundo o público. Então, acontece uma exclusão daquele perfil da sociedade, isso se dá quando os seguidores deixam de seguir o perfil cancelado, deixando de dar qualquer atenção a ele para que perca força e relevância. Em alguns casos é temporário, mas o perfil precisa mostrar e comprovar que mudou seu posicionamento para reconquistar a confiança do público.
Esta foi a forma que as pessoas encontraram de “educar” no ambiente online, porém, às vezes chega a ir longe demais, tanto por parte dos canceladores, quanto por parte dos cancelados e daí surgem alguns discursos de ódio que não tem absolutamente nada de positivo.
Ainda não se tem uma definição clara do quanto o cancelamento é bom ou ruim, mas para o cancelado é uma situação extremamente difícil. Ser isolado da sociedade, receber ameaças e ver o seu trabalho sendo desconstruído e até desaparecer é triste, desconfortável e perturbador.
A Cultura do Cancelamento não tem nenhuma jurisdição, regra ou consenso. Ela parte da opinião de uma maioria que tem força para boicotar o cancelado, por esta razão, o cancelamento vem sendo questionado por algumas pessoas que enxergam os efeitos negativos do movimento.
O cancelamento não é a melhor forma de corrigir ou educar pessoas. O melhor caminho é o diálogo. Precisamos estar abertos ao debate saudável e respeitoso. Abertos a ouvir, absorver, entender e até desculpar. O suposto poder trazido pela política do cancelamento pode criar pessoas extremamente críticas e até intolerantes ou, do outro lado, levar pessoas a serem inseguras e isoladas.
Por isso, cancele o cancelamento e inicie o diálogo.